ascendente
quente
transcende
mente.
"querer"
o verbo que precede a ação
porém imobiliza o ato
se derrete em fantasias
supérfluas
a veleidade diante os meus olhos
cresce
enquanto o real é mero,
efêmero.
o querer se desfaz em pólvora
as cinzas viram reles
o universo já não carrega mais
a minha sanidade
peço perdão em mente
digo aos meus pensamentos
que queria que eles fossem
mais que pensamentos
o querer permanece
imobilizado
petrificado igual Medusas,
meu olhar já não transpassa mais
a energia que eu quero
as vezes culpo o meu mapa astral
.antes.fosse.
o ascendente
mente
transcende a ideia
eu quero o querer.
mas eu quero mais além do querer
eu quero o verossímil
não mais o verbo em sua infinitude
cansei das metalinguagens
as vezes eu até canso da poesia
eu busco o reflexo
mas continuo presa em questionamentos
o que é
o que ser
o que tem
o.que.eu.sou?
mulher
eu quero seu poder
eu quero exalar a Vênus
o poema se torna grande.
são extensões dos meus pensamentos tórpidos
as paixões, os desejos
o que eu pertenço
se não apenas o querer?
me dilacero em pedaços
me ensaboo com sabonetes da verdade
que exalam a fragrância anestésica do sonhar
da solitude
da primavera sem flores
o sonhar é um exílio.
peço licença em mente
digo ao universo que quero soltá-lo
mas como vou soltar
se eu também quero
sua imensidão
é escura
é vasta
e eu não sei o que vai ser de mim amanhã
eu recolho meus pedaços
coloco a culpa em Marte
ora, a cagação de regra me cansa
o querer me cansa
e eu me abrigo
na minha completa solitude
não no sentido acolhedor da palavra
me devasto.
ao escrever tudo isso
eu percebo
tudo é sobre querer
até mesmo esse poema
só me resta saber se o querer
compõe o reflexo do concreto
do palpável
ou se permanece na utopia
do inimaginável
a ação
substantivo feminino
do poder
sobretudo o poder de transformar
o imaterial da extensão do espiritual
na subjetividade do meu
eu
egocêntrico
que quer.
nessa confusa fusão
a equação retifica o que eu digo
eu quero
e eu continuo a querer
eu quero, em segredo, a essência da existência
entrelaçada no meu eu.
a combinação dessa sinastria
resultaria em um clímax
celestial
em que o espaço e o tempo se uniriam
e se tornariam um só.
o querer acaricia a mente
induz os pensamentos
até fazer com que eles
amoleçam lentamente...
e permaneçam somente na magnitude
corpórea do córtex despido
sem vergonha
livre
na nudez do sensorial
e na intimidade do meu eu
retifico
essa é a sensação de fazer amor
com o querer.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
o fluxo
o fluxo
imagina assim
algo correndo em suas veias
pela corrente sanguínea
ultrapassando seu corpo todo
e você sentindo isso
sem poder fazer nada
não sabe se é nocivo
se é algo bom
você só sente
e você gosta do que sente
é quente
arde as vezes
te cora o rosto
resseca os lábios...
você morde eles
passa a língua
umedece
olha ao redor
sente um leve calor
não sabe se está confortável ou não
coloca os dedos na camiseta e abana discretamente
como se fosse surtir efeito
e sentir o calor sumir
não some
você senta:
algo em mim precisa ser revelado
eu preciso falar
eu quero falar
sensação estranha
olho pro céu e vejo muitas estrelas
parece me observarem
algumas brilham mais que as outras
o que isso quer dizer?
nada
eu sou cética
não tanto assim
eu acredito que existe um propósito
seria o fluxo da vida na minha corrente sanguínea?
me entorpece
me sinto embriagada por algo que não sei
você já se imaginou assim?
e aí você sente um leve desmaio
mas você sabe que não desmaiou
parece que tudo parou por um segundo
eu desarmo...
*
eu te vejo
não sei explicar
existe um bloqueio
totalmente diferente do que meu corpo diz
.meu.corpo.quer.
diálogos moderados
diálogos infundáveis
por que é tão difícil?
o que de fato é a vida? amar, odiar, viver, morrer, sentir?
por que sentimos?
no meio de tanto atrito pela razão e pelo sentir
no que me deixo levar?
desse sangue que percorre todo centímetro do meu corpo
deságua no meio das minhas pernas
como um líquido floral de nenúfar
em um misto de crisântemo vermelho
como o final de um rio
ou seria o começo de um?
não hesito...
me inundo nele
acho que tenho uma brisa boa pra me orgulhar
já parou pra se perguntar:
se qualquer deus existisse e te encontrasse agora
o que você perguntaria à ele?
a energia que sinto é única
é controversa
polêmica
revogada em um dilema
que machuca
é uma entorpecente dúvida
é carregada de vicissitude
continuo ou não?
você está me vendo ou não?
me desnudo no rio
sinto algo que ainda não sei o que é
olho pros meus braços, pras minhas mãos
vejo as veias azuis pulsantes gritarem
luminosas, fluorescentes
elas querem rasgar a minha pele
mensagens do universo pra mim
absorvidas em um trajeto dentro do meu corpo
escondidas em minhas veias oxigenadas
você me observa, dá pra saber
só não sei se sou o que você quer observar
continuo desnuda e examino o meu corpo
algumas partes vermelhas do sangue
que transpassam marcas da completa ebriedade
me entreguei nela
me intensifiquei nela
me extasiei nela
nem pensei... eu sou assim
nítida que nem água de mar doce
selvagem que nem uma primitiva
é um misto
minha voz não sai
sinto fracas as minhas cordas vocais
e o sangue parece não percorrer no pescoço
eu queria te falar
mas não posso
sinto a pressão arterial subindo
muita concentração do sangue
te olho sentado como deus, tipo Poseidon
parece controlar a água do meu rio
você me observa com um olhar cruel
enquanto jogo água no meu rosto
tentando me recuperar
isso é a morte?
ou la petite mort?
seu olhar provoca o meu eu deslumbra
magnetiza uma chama interna
deixa quente
mas isso você não precisa saber
é um segredo meu
você parece querer uma tempestade
mas não tanto
só quer enfeitiçar, vive em um submundo
não sei o que significo nesse momento
talvez eu seja transparente como uma partícula de átomo
olho pro rio e vejo a água cristalina
meu reflexo reflete Éos
me encaro
você também me encara
e sorri sarcasticamente
eu sou a personificação do que eu deveria ser
eu sou algum nuance de algum brilho
que não encontrei
eu sou um ser estimulante
mas não estimulo quem eu ousar tentar
fecho os olhos e passo a mão no meu corpo
nem inundado em água eu sinto esfriar
continuo sentindo o fluxo como uma correnteza
me sinto entregue ao completo ninguém
imperceptível..... eu sou microscópica
ainda que eu me veja como uma notável
expoente do Ser
abro os olhos e me encontro ainda sentada
em que mundo divino eu resido?
é o mesmo que você?
a astrofísica do caos resulta em mim
e eu tenho um palácio soberano
que nesse mundo eu sou alguém
resplandescente celeste
que carrega sinais de Polímnia
e Melpomene
eu sou uma prazerosa trágica tragédia
da percepção
eu sou um desalinho sensorial
resolvo levantar,
eu penso: inacessível é o que você parece
algo imaterial e intangível
em uma realidade de estética
que o belo soa ser espiritual
Hegel concordaria comigo...
não existe nesse plano
talvez em outro.
antes de partir
deixo isso como uma tentativa sensível
da natureza humana
de um diálogo
cansei dos infundáveis
a realidade pela sensibilidade
daquele que nota....
....que percebe.
imagina assim
algo correndo em suas veias
pela corrente sanguínea
ultrapassando seu corpo todo
e você sentindo isso
sem poder fazer nada
não sabe se é nocivo
se é algo bom
você só sente
e você gosta do que sente
é quente
arde as vezes
te cora o rosto
resseca os lábios...
você morde eles
passa a língua
umedece
olha ao redor
sente um leve calor
não sabe se está confortável ou não
coloca os dedos na camiseta e abana discretamente
como se fosse surtir efeito
e sentir o calor sumir
não some
você senta:
algo em mim precisa ser revelado
eu preciso falar
eu quero falar
sensação estranha
olho pro céu e vejo muitas estrelas
parece me observarem
algumas brilham mais que as outras
o que isso quer dizer?
nada
eu sou cética
não tanto assim
eu acredito que existe um propósito
seria o fluxo da vida na minha corrente sanguínea?
me entorpece
me sinto embriagada por algo que não sei
você já se imaginou assim?
e aí você sente um leve desmaio
mas você sabe que não desmaiou
parece que tudo parou por um segundo
eu desarmo...
*
eu te vejo
não sei explicar
existe um bloqueio
totalmente diferente do que meu corpo diz
.meu.corpo.quer.
diálogos moderados
diálogos infundáveis
por que é tão difícil?
o que de fato é a vida? amar, odiar, viver, morrer, sentir?
por que sentimos?
no meio de tanto atrito pela razão e pelo sentir
no que me deixo levar?
desse sangue que percorre todo centímetro do meu corpo
deságua no meio das minhas pernas
como um líquido floral de nenúfar
em um misto de crisântemo vermelho
como o final de um rio
ou seria o começo de um?
não hesito...
me inundo nele
acho que tenho uma brisa boa pra me orgulhar
já parou pra se perguntar:
se qualquer deus existisse e te encontrasse agora
o que você perguntaria à ele?
a energia que sinto é única
é controversa
polêmica
revogada em um dilema
que machuca
é uma entorpecente dúvida
é carregada de vicissitude
continuo ou não?
você está me vendo ou não?
me desnudo no rio
sinto algo que ainda não sei o que é
olho pros meus braços, pras minhas mãos
vejo as veias azuis pulsantes gritarem
luminosas, fluorescentes
elas querem rasgar a minha pele
mensagens do universo pra mim
absorvidas em um trajeto dentro do meu corpo
escondidas em minhas veias oxigenadas
você me observa, dá pra saber
só não sei se sou o que você quer observar
continuo desnuda e examino o meu corpo
algumas partes vermelhas do sangue
que transpassam marcas da completa ebriedade
me entreguei nela
me intensifiquei nela
me extasiei nela
nem pensei... eu sou assim
nítida que nem água de mar doce
selvagem que nem uma primitiva
é um misto
minha voz não sai
sinto fracas as minhas cordas vocais
e o sangue parece não percorrer no pescoço
eu queria te falar
mas não posso
sinto a pressão arterial subindo
muita concentração do sangue
te olho sentado como deus, tipo Poseidon
parece controlar a água do meu rio
você me observa com um olhar cruel
enquanto jogo água no meu rosto
tentando me recuperar
isso é a morte?
ou la petite mort?
seu olhar provoca o meu eu deslumbra
magnetiza uma chama interna
deixa quente
mas isso você não precisa saber
é um segredo meu
você parece querer uma tempestade
mas não tanto
só quer enfeitiçar, vive em um submundo
não sei o que significo nesse momento
talvez eu seja transparente como uma partícula de átomo
olho pro rio e vejo a água cristalina
meu reflexo reflete Éos
me encaro
você também me encara
e sorri sarcasticamente
eu sou a personificação do que eu deveria ser
eu sou algum nuance de algum brilho
que não encontrei
eu sou um ser estimulante
mas não estimulo quem eu ousar tentar
fecho os olhos e passo a mão no meu corpo
nem inundado em água eu sinto esfriar
continuo sentindo o fluxo como uma correnteza
me sinto entregue ao completo ninguém
imperceptível..... eu sou microscópica
ainda que eu me veja como uma notável
expoente do Ser
abro os olhos e me encontro ainda sentada
em que mundo divino eu resido?
é o mesmo que você?
a astrofísica do caos resulta em mim
e eu tenho um palácio soberano
que nesse mundo eu sou alguém
resplandescente celeste
que carrega sinais de Polímnia
e Melpomene
eu sou uma prazerosa trágica tragédia
da percepção
eu sou um desalinho sensorial
resolvo levantar,
eu penso: inacessível é o que você parece
algo imaterial e intangível
em uma realidade de estética
que o belo soa ser espiritual
Hegel concordaria comigo...
não existe nesse plano
talvez em outro.
antes de partir
deixo isso como uma tentativa sensível
da natureza humana
de um diálogo
cansei dos infundáveis
a realidade pela sensibilidade
daquele que nota....
....que percebe.
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
não existe razão para este poema
[sinto que eu mesma me devoro
me devoro de loucuras
de inconstâncias
me devoro de expectativas
essas que não transformo em realidade]
*
tentei e desisti.
o poeta nunca transfere a arte para si mesmo
é sempre para alguém
para algo
a coisa vale mais que si mesmo
uma caneta e um papel descreve mais ele
do que si mesmo
já não sei mais sobre o que escrever
se tudo o que me vem na cabeça é você
e o que é você?
que na minha mente se transforma em um quadro
rabiscado, parecendo arte abstrata
não consigo te olhar, te observo apenas
mas com sombras
riscos e gravuras
como se fossem códigos
o que é você?
seria você um outro poeta que não consegue
mostrar a si mesmo?
te carrego em sonhos
e agora em papéis
meu lápis parece conhecer a folha
meu lápis parece conhecer o que quer escrever
ele tem algo a dizer
o grafite leve aos poucos se torna grosso
ponta fina apontada que do nada se transforma
em uma áspera ponta desgastada
como uma sinfonia mau organizada
te dedico esse rascunho
não te compreendo
o rascunho rabiscado sob observações e notas no roda pé
dando um contraste para que eu
lembre do recado
continuo sem saber
você se esconde
eu te mentalizo
mas você some
de vez em quando reaparece
desalinhando o meu ser
o que quer sugar de mim?
sou uma pobre poeta que desenrola
alguns poemas na madrugada
meu sentimento de agora é sobre o que escrever
passei tanto tempo com meus papéis na gaveta
tentando fazer as pazes com meu eu
tentando me realinhar
o sol brilha para mim as vezes
mesmo que seja na menor fresta da minha janela
e no meu cubículo quarto
me mantenho nele
me esbaldo nele
tento usar esse resto de sol
para iluminar a minha pele opaca
e brilha....
e reluz.....
mas assim como tudo,
desaparece.
assim como você.
só o que não desaparece são
as minhas loucuras
a minha mente amaldiçoada
por um feitiço que ainda não descobri qual é
o que é você?
por que está na minha mente agora?
e por que me fez tirar os papéis
amarelados e esquecidos da minha gaveta agora?
sabe....
até que não seria de todo o mal que você
aparecesse para mim
aqui
e
agora.
me devoro de loucuras
de inconstâncias
me devoro de expectativas
essas que não transformo em realidade]
*
tentei e desisti.
o poeta nunca transfere a arte para si mesmo
é sempre para alguém
para algo
a coisa vale mais que si mesmo
uma caneta e um papel descreve mais ele
do que si mesmo
já não sei mais sobre o que escrever
se tudo o que me vem na cabeça é você
e o que é você?
que na minha mente se transforma em um quadro
rabiscado, parecendo arte abstrata
não consigo te olhar, te observo apenas
mas com sombras
riscos e gravuras
como se fossem códigos
o que é você?
seria você um outro poeta que não consegue
mostrar a si mesmo?
te carrego em sonhos
e agora em papéis
meu lápis parece conhecer a folha
meu lápis parece conhecer o que quer escrever
ele tem algo a dizer
o grafite leve aos poucos se torna grosso
ponta fina apontada que do nada se transforma
em uma áspera ponta desgastada
como uma sinfonia mau organizada
te dedico esse rascunho
não te compreendo
o rascunho rabiscado sob observações e notas no roda pé
dando um contraste para que eu
lembre do recado
continuo sem saber
você se esconde
eu te mentalizo
mas você some
de vez em quando reaparece
desalinhando o meu ser
o que quer sugar de mim?
sou uma pobre poeta que desenrola
alguns poemas na madrugada
meu sentimento de agora é sobre o que escrever
passei tanto tempo com meus papéis na gaveta
tentando fazer as pazes com meu eu
tentando me realinhar
o sol brilha para mim as vezes
mesmo que seja na menor fresta da minha janela
e no meu cubículo quarto
me mantenho nele
me esbaldo nele
tento usar esse resto de sol
para iluminar a minha pele opaca
e brilha....
e reluz.....
mas assim como tudo,
desaparece.
assim como você.
só o que não desaparece são
as minhas loucuras
a minha mente amaldiçoada
por um feitiço que ainda não descobri qual é
o que é você?
por que está na minha mente agora?
e por que me fez tirar os papéis
amarelados e esquecidos da minha gaveta agora?
sabe....
até que não seria de todo o mal que você
aparecesse para mim
aqui
e
agora.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
a arte de ter conversas difíceis
a arte de ter conversas difíceis
o salgado da água do mar
me confunde com a rispidez
da desordem
se soubesses o quanto eu gostaria
de dizer
de fazer
o mundo seria pequeno.
todas as águas seriam doces
sem o sal do mar
sem o azedo do cítrico
que instantaneamente
estala o dente
contorce a língua
inunda a boca de saliva
mas de saliva amarga
o asfalto quente do calor
frita a água da chuva que cai espessa
as gotas caem pesadas
grotescas
.pingos.que.doem.
não estão em sua natureza límpida
estão modificadas por um ambiente cinza
que não condizem com o leve vento natural da paz
confundem com as lágrimas que caem nos olhos
salgadas quando se encontram na boca
passo a língua e remeto àquele salgado do mar
tento falar e não saem palavras
o méleo esquecido em um calafrio torpe
momento sem lucidez
conversas vazias com muito conteúdo
eu.sei.que.aquilo.faz.algum.sentido.
mesmo que no âmago do amargo...
existe algo ali.
mas nós dois não sabemos
não nos encontramos
ainda.
o oceano infinito leva e traz ondas a todo tempo
ondas bravas
ondas leves
as vezes nem traz
mas a lágrima transcreve o que vem de dentro
e inunda o material de fora
a energia transpassa recargas sadias de sonhos
aquele vento leve não é leve
é carregado.
as estrelas do céu não brilham, reluzem o rosto
como queimaduras de tentativas descrentes de sinais
as conversas não saem
os diálogos são difíceis
as pessoas se tornam pessoas
não no sentido humano de ser
mas no sentido do objeto
o mero ser não existe
mesmo que por uns instantes
aquilo faça sentido para mim
e para as minhas lágrimas
que sonho em se tornarem doces...
o salgado da água do mar
me confunde com a rispidez
da desordem
se soubesses o quanto eu gostaria
de dizer
de fazer
o mundo seria pequeno.
todas as águas seriam doces
sem o sal do mar
sem o azedo do cítrico
que instantaneamente
estala o dente
contorce a língua
inunda a boca de saliva
mas de saliva amarga
o asfalto quente do calor
frita a água da chuva que cai espessa
as gotas caem pesadas
grotescas
.pingos.que.doem.
não estão em sua natureza límpida
estão modificadas por um ambiente cinza
que não condizem com o leve vento natural da paz
confundem com as lágrimas que caem nos olhos
salgadas quando se encontram na boca
passo a língua e remeto àquele salgado do mar
tento falar e não saem palavras
o méleo esquecido em um calafrio torpe
momento sem lucidez
conversas vazias com muito conteúdo
eu.sei.que.aquilo.faz.algum.sentido.
mesmo que no âmago do amargo...
existe algo ali.
mas nós dois não sabemos
não nos encontramos
ainda.
o oceano infinito leva e traz ondas a todo tempo
ondas bravas
ondas leves
as vezes nem traz
mas a lágrima transcreve o que vem de dentro
e inunda o material de fora
a energia transpassa recargas sadias de sonhos
aquele vento leve não é leve
é carregado.
as estrelas do céu não brilham, reluzem o rosto
como queimaduras de tentativas descrentes de sinais
as conversas não saem
os diálogos são difíceis
as pessoas se tornam pessoas
não no sentido humano de ser
mas no sentido do objeto
o mero ser não existe
mesmo que por uns instantes
aquilo faça sentido para mim
e para as minhas lágrimas
que sonho em se tornarem doces...
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