a arte de ter conversas difíceis
o salgado da água do mar
me confunde com a rispidez
da desordem
se soubesses o quanto eu gostaria
de dizer
de fazer
o mundo seria pequeno.
todas as águas seriam doces
sem o sal do mar
sem o azedo do cítrico
que instantaneamente
estala o dente
contorce a língua
inunda a boca de saliva
mas de saliva amarga
o asfalto quente do calor
frita a água da chuva que cai espessa
as gotas caem pesadas
grotescas
.pingos.que.doem.
não estão em sua natureza límpida
estão modificadas por um ambiente cinza
que não condizem com o leve vento natural da paz
confundem com as lágrimas que caem nos olhos
salgadas quando se encontram na boca
passo a língua e remeto àquele salgado do mar
tento falar e não saem palavras
o méleo esquecido em um calafrio torpe
momento sem lucidez
conversas vazias com muito conteúdo
eu.sei.que.aquilo.faz.algum.sentido.
mesmo que no âmago do amargo...
existe algo ali.
mas nós dois não sabemos
não nos encontramos
ainda.
o oceano infinito leva e traz ondas a todo tempo
ondas bravas
ondas leves
as vezes nem traz
mas a lágrima transcreve o que vem de dentro
e inunda o material de fora
a energia transpassa recargas sadias de sonhos
aquele vento leve não é leve
é carregado.
as estrelas do céu não brilham, reluzem o rosto
como queimaduras de tentativas descrentes de sinais
as conversas não saem
os diálogos são difíceis
as pessoas se tornam pessoas
não no sentido humano de ser
mas no sentido do objeto
o mero ser não existe
mesmo que por uns instantes
aquilo faça sentido para mim
e para as minhas lágrimas
que sonho em se tornarem doces...