sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

ascendente

ascendente
quente
transcende
mente.
"querer"
o verbo que precede a ação
porém imobiliza o ato
se derrete em fantasias
supérfluas
a veleidade diante os meus olhos
cresce
enquanto o real é mero,
efêmero.
o querer se desfaz em pólvora
as cinzas viram reles
o universo já não carrega mais
a minha sanidade
peço perdão em mente
digo aos meus pensamentos
que queria que eles fossem
mais que pensamentos
o querer permanece
imobilizado
petrificado igual Medusas,
meu olhar já não transpassa mais
a energia que eu quero
as vezes culpo o meu mapa astral
.antes.fosse.
o ascendente
mente
transcende a ideia
eu quero o querer.
mas eu quero mais além do querer
eu quero o verossímil
não mais o verbo em sua infinitude
cansei das metalinguagens
as vezes eu até canso da poesia
eu busco o reflexo
mas continuo presa em questionamentos
o que é
o que ser
o que tem
o.que.eu.sou?
mulher
eu quero seu poder
eu quero exalar a Vênus
o poema se torna grande.
são extensões dos meus pensamentos tórpidos
as paixões, os desejos
o que eu pertenço
se não apenas o querer?
me dilacero em pedaços
me ensaboo com sabonetes da verdade
que exalam a fragrância anestésica do sonhar
da solitude
da primavera sem flores
o sonhar é um exílio.
peço licença em mente
digo ao universo que quero soltá-lo
mas como vou soltar
se eu também quero
sua imensidão
é escura
é vasta
e eu não sei o que vai ser de mim amanhã
eu recolho meus pedaços
coloco a culpa em Marte
ora, a cagação de regra me cansa
o querer me cansa
e eu me abrigo
na minha completa solitude
não no sentido acolhedor da palavra
me devasto.
ao escrever tudo isso
eu percebo
tudo é sobre querer
até mesmo esse poema
só me resta saber se o querer
compõe o reflexo do concreto
do palpável
ou se permanece na utopia
do inimaginável
a ação
substantivo feminino
do poder
sobretudo o poder de transformar
o imaterial da extensão do espiritual
na subjetividade do meu
eu
egocêntrico
que quer.
nessa confusa fusão
a equação retifica o que eu digo
eu quero
e eu continuo a querer
eu quero, em segredo, a essência da existência
entrelaçada no meu eu.
a combinação dessa sinastria
resultaria em um clímax
celestial
em que o espaço e o tempo se uniriam
e se tornariam um só.
o querer acaricia a mente
induz os pensamentos
até fazer com que eles
amoleçam lentamente...
e permaneçam somente na magnitude
corpórea do córtex despido
sem vergonha
livre
na nudez do sensorial
e na intimidade do meu eu
retifico
essa é a sensação de fazer amor
com o querer.