domingo, 3 de janeiro de 2016

um poema a mais

e cá estou eu
no rebuliço da manhã
me entregando ao
sentimento devastador
que chega incendeia
e minhas lágrimas correm
correm como um córrego
triste
sem vida
elas escapam sem muito esforço
apenas sinto a dor
da perda
eu sinto sempre essa dor

a fresta da janela
indica que já é dia
eu encaro o teto
como se ele me desse respostas
minhas lágrimas correm
ainda como córregos

eu não queria
juro que eu não queria
mas cá estou eu
derrubando lágrimas
por alguém que nem se quer
tem registros de mim

em outros abraços tu estas agora
diante de muitas paixões
paixões perdidas
imediatas
casuais
eu me pego sempre
no final
me olhando no espelho
e pensando o por que
eu ainda me lembro de ti

eu encaro o teto
ele não me dá respostas
talvez quem sabe um dia
o meu quarto inundado
de lágrimas incontáveis
constantes
lágrimas geladas que demoram
a cair
mas as sinto no meu rosto
como se fossem feridas
de um castigo que não acaba
chicotes
que deixam marcas

pois bem
eu me pego no final
sempre em reticências
em vírgulas
mas nunca em um ponto
que acabe
com esse sentimento louco
que por um dia é fraco
no outro é forte e doloroso
tem dias que não consigo segurar
essa velha vontade
outros que vou dormir tranquila

mas o teu eu
continua
tua porta nunca se fechou
aquele sentimento inacabado
quem sabe um dia
eu ouça
o que eu mais queria ouvir

as lágrimas demoram a secar
enquanto isso
faço esse poema
e me acabo na ilusão de que talvez
isto me alivie
algum dia