sexta-feira, 18 de julho de 2014

o tempo

tem.po
sm (lat tempu) 1 Medida de duração dos seres sujeitos à mudança da sua substância ou a mudanças acidentais e sucessivas da sua natureza, apreciáveis pelos sentidos orgânicos. 2 Uma época, um lapso de tempo futuro ou passado. 3 A idade, a antiguidade, um longo lapso de anos. 4 A existência humana considerada no curso dos anos. 5 Época determinada em que ocorreu um fato ou existiu uma personagem (com referência a uma hora, a um dia, a um mês ou a qualquer outro período).

O tempo é tempo. O tempo é vago, é ligeiro e até mesmo meteórico. As vezes demorado e preguiçoso, porém flexível. Em suas vicissitudes, as plenas mudanças nos causam dor ou felicidade. É um paralelo contínuo que andam juntos, mesmo que seja efêmero.
Dizem que o tempo é sábio. Sábio por abrir caminhos, por desatar nós criados pela vida, ou por nós mesmos, por nos dar lembranças e saudosismos. Em sua totalidade, por ser capaz de assoprar o mágico vento rápido que nos dá a sensação de vida passageira. É possível criar a ideia de que, em um piscar de olhos, ele seja responsável pelo acontecimento de detalhes... que... inexplicavelmente... apenas... acontecem. As reticências são poucas para o tanto de peripécias que o tempo pode trazer.
Sinceramente, eu não sei se concordo com o provérbio de que o tempo cura e cura tudo. Posso dizer que ele é um relógio sem hora para acabar, ou até mesmo, uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento e causar um sentimento vulcânico, abrasador, avassalador... enfim, intenso. O tempo passa, mas pode ter o poder de levar consigo o punho destrutivo. A sede de querê-lo é grande, mas ei quem diga que ele é angustiante. Enquanto escrevo estas pequenas linhas neste papel timbrado, outras mil linhas já foram escritas com o meu tempo sobrecarregado por apenas um desejo: encontrar o poder do tempo e sua real conjuntura. Ainda não encontrei, então considero que a tese de que o tempo cura está equivocado. 
No momento que eu penso, todas as folhas timbradas já se tornaram amareladas, manchadas, amassadas. Estão envelhecidas. Talvez o que eu pensei um segundo atrás já não faça mais sentido nos meus próximos segundos, minutos, horas, anos de vida. No máximo as guardarei em uma gaveta para que fiquem por mais um longo período ocultas. E eu me pergunto: durante este tempo, algo mudou? O sentimento continua pleno e quiçá o mesmo. Novamente, o tempo de que dele é o curador está errado. Nós mudamos, tudo muda. É como se a palavra mudança fosse um complemento para tempo. Uma graduação em que o tempo seria seu certificado.
Eu posso até ter e sentir uma rápida cicatrização dos machucados de minha tez sensível e imatura. Mas, as interiores são totalmente opostas, incompatíveis. E, talvez, é neste nó em que se cruzam. Acho que finalmente encontrei o significado do tempo. Ele é subjetivo. Ele é tudo o que uma palavra com "sub" pode haver de significado. Ele é substancial. Ou melhor, ele é apenas um sub-de-qualquer-coisa. É como se deixássemos levar pelo significado de quando alguém está muito doente. A primeira coisa que alguém faz quando se está enfermo é buscar o primeiro remédio que faça aliviar a dor. Porém não tem resultado. Só confunde. Engana por umas horas, depois reaparece. Digamos que o tempo se encaixa neste ciclo.
Não temos como correr ou fugir, apenas nos deixar levar. É inevitável, a vida é assim... inevitável. Fomos colocados em um lugar em que todos estão perdidos, entretanto, todos procuram o mesmo ideal: o tempo. Isso é um traço comum entre nós, a procura do perdido e a resolução imediata dele. Olhemos para o relógio: todos querem saber a hora, todos querem saber quando... e quando... e quando. Todos querem o tempo. Ao invés de corrermos dele, corremos para ele. No acaso, é possível  que ele consiga responder todos os nossos questionamentos por ora.
Enquanto isso estarei sentada lendo um livro esperando por ele, pelo tempo... Que poderei -ou não- ter perdido.