são seis horas da manhã
de um dia de semana
que eu nem sei qual é
pois eu me perco tanto
nas ideias
nos desejos
que me perco de mim
do tempo
da realidade
a pequena claridade da janela
já denuncia que amanheceu
e eu reviro
a minha cama
impaciente
e vejo
que tu não estás nela
eu queria que tu pudesses olhar
para o que eu estou olhando agora
o meu quarto está um clima
tão bom
que bom seria pouco
pra explicitar o que
eu realmente quero
pena que nele só falta
a tua presença
a escuridão toma conta
mas termina quando eu busco
a claridade desviando meus olhos
na janela
e vejo as cortinas um pouco transparentes
ensaiando breves movimentos
como folhas em coreografia com o
pequeno vento
que as assopram
porém não saem do lugar
vejo estas cortinas tampando a pouca
luz que tenta
invadir o meu quarto
enquanto isso lá fora
tem vidas
pessoas
carros
barulhos
por que eles se tornam tão mais
intensos
quando nós nos deparamos sendo
intensos?
ouço cada barulho lá fora
com genuinidade
desde a gota da chuva que ameaça vir
até a buzina na esquina das
três quadras daqui
tudo isso porque........
tu não estás.....
aqui
a intensidade se acentua da forma
que os cruéis detalhes se exaltam
quando temos as sensações mais
inibidas e oprimidas
sempre nos tornamos
mais veementes
quando nos sentimos
suprimidos
pelo universo
tu tens que sentir isso
que eu estou sentido
se eu pudesse registrar a fidelidade
de tudo isso
as fotos
e as minhas escritas
seriam inúteis
pela grandeza da imensidão do vazio
e da vontade surreal de te ter aqui.

