De mês em mês eu reúno meus amigos em casa para beber uma cerveja e ouvir um Johnny Cash, tenho uns bons vinis e é necessário tirar a poeira deles de vez em quando colocando-os para funcionar. Discutíamos diversos assuntos, de política à putaria. Ou seja, só putaria. Fumo socialmente, de vez em quando dou um trago aqui e outro ali - às vezes gosto de clarear as ideias. - Não namoro faz algum tempo, acho que o problema sou eu... Sou meio sórdido, as mulheres se espantam. Tenho de pagar para conseguir sair com alguma, mas acontece. A minha última mulher não aguentou e se mandou, deixou uns maços daquele
cigarro ruim e uma garrafa de Daniel's quase no fim, nem o álcool a fez
ficar comigo. Essa é a minha vida e para aprofundar, por conseguinte conto mais sobre minha história.
Sou professor. Ganho pouco. Porém isso não me espanta em uma sociedade medíocre com uma política de merda. Melhor dizendo, sou desvalorizado e sinto falta de me impor e de incentivar, mais além, de me fazer útil na vida das pessoas. Sei falar inglês e alemão, os charutos de chocolate são os meus preferidos. Toco um pouco de piano, só que não sou mestre nas sinfonias. Mas para que? Tudo isso não importa a ninguém. Costumo pegar um papel e uma caneta antes de dormir e rabiscar sobre tudo o que aconteceu no meu dia... E, resultado: um rabisco preto sem pé e nem cabeça. Como se fosse um poço bem fundo, mas bem fundo mesmo em que eu me encontro lá em baixo, sem direção de saída. É estranho, pois todas as folhas deste caderno estão rabiscadas assim já faz algum tempo. O tédio corrói. A rotina então... essa nem se fala. Eu devia ter mudado isso, talvez ter colocado mais cor nestes rabiscos, mas não. A hipocrisia reina no mundo, não vou ser mais um nessa onda estúpida. As injustiças estão demais e o meu medo é que elas só aumentem. Espero que quando esse dia chegar eu já não esteja mais aqui e meus pulmões já tenham sido consumidos por todo charuto fumado.
Meu apartamento anda às moscas, o bolor da parede só aumenta e as goteiras quando chove inundam a sala. Fora os aluguéis atrasados por conta do mísero salário de professor. Esse é o meu espaço, esse é o cenário perfeito para a minha vida solitária.
Moro no quarto andar e sempre que posso caminho até a janela e permaneço em silêncio observando as pessoas andando nas ruas. Umas correm (devem estar atrasadas por algum compromisso importante), outras andam calmamente enquanto outras andam distraídas com aparência de cansadas. Fico imaginando a rotina destas pessoas, certamente é mais interessante que a minha, mas não mais tão extraordinária. Se elas estão fazendo seus corres, é porque precisam destes corres. Enquanto as observo, pego um copo de whiskey e acendo a melhor parte do meu dia: meu charuto. Faço uma pequena alusão destas pessoas tentando e querendo ser algo na vida com o meu fumo. É tão agridoce. A cada tragada sinto o amargo e o doce do chocolate misturando-se juntos na minha boca, é uma ótima sensação. Quantas vezes na vida não fomos agridoce? Sentimos tantas coisas ao mesmo tempo, isso não pode ficar de fora.
Não tenho medo de nada. Vou confessar uma coisa: quando eu sinto medo, tomo meu sonífero. É o melhor remédio. O sono vem e a insegurança passa. Quando eu acordo já é outro dia, outro dia para o mesmo homem de sempre e para o mesmo sonífero de sempre. Ele é o meu melhor amigo e é com ele que todas as minhas frustrações saram. Ele cura tudo de errado em mim, mesmo sabendo que quando eu acordar de novo, será a mesma realidade. Realidade esta que, não transcende. É a mesma sempre. E aqui eu paro a minha história tomando o meu sonífero. Está na hora do sono. Do meu profundo, sono.
Meu apartamento anda às moscas, o bolor da parede só aumenta e as goteiras quando chove inundam a sala. Fora os aluguéis atrasados por conta do mísero salário de professor. Esse é o meu espaço, esse é o cenário perfeito para a minha vida solitária.
Moro no quarto andar e sempre que posso caminho até a janela e permaneço em silêncio observando as pessoas andando nas ruas. Umas correm (devem estar atrasadas por algum compromisso importante), outras andam calmamente enquanto outras andam distraídas com aparência de cansadas. Fico imaginando a rotina destas pessoas, certamente é mais interessante que a minha, mas não mais tão extraordinária. Se elas estão fazendo seus corres, é porque precisam destes corres. Enquanto as observo, pego um copo de whiskey e acendo a melhor parte do meu dia: meu charuto. Faço uma pequena alusão destas pessoas tentando e querendo ser algo na vida com o meu fumo. É tão agridoce. A cada tragada sinto o amargo e o doce do chocolate misturando-se juntos na minha boca, é uma ótima sensação. Quantas vezes na vida não fomos agridoce? Sentimos tantas coisas ao mesmo tempo, isso não pode ficar de fora.
Não tenho medo de nada. Vou confessar uma coisa: quando eu sinto medo, tomo meu sonífero. É o melhor remédio. O sono vem e a insegurança passa. Quando eu acordo já é outro dia, outro dia para o mesmo homem de sempre e para o mesmo sonífero de sempre. Ele é o meu melhor amigo e é com ele que todas as minhas frustrações saram. Ele cura tudo de errado em mim, mesmo sabendo que quando eu acordar de novo, será a mesma realidade. Realidade esta que, não transcende. É a mesma sempre. E aqui eu paro a minha história tomando o meu sonífero. Está na hora do sono. Do meu profundo, sono.