terça-feira, 28 de setembro de 2010

aos estranhamente estranhos

Nasci de cara virada para o mundo.
Hoje talvez eu esteja de cara virada para o mundo.
Amanhã será bem provável que estarei de cara virada para o mundo.
Cá me encontro neste mundo louco, neste mundo de estranhos.
Seria eu mais uma estranha neste mundo?


Pessoas me vêem, pessoas não me conhecem.
Falam, falam e falam. Olhares e mais olhares.
Seria eu uma aberração?


Não sou do tipo que chama atenção de alguém ou de algum rapaz.
Sou apenas mais uma estranha nesse mundo... que talvez, não foi feito para mim.
Só quero compreender o que nunca foi compreendido. Só quero ver o que para mim
é uma incógnita, só quero descobrir o que para mim é meu oposto.


Não sou bem-vinda nesse planeta. Pessoas como eu, não são também.
Quanto mais eu tento, mais eu fico de cara virada para o mundo. Quanto mais eu encontro respostas, mais vontade dá de evaporar e virar vento. Pensando bem, nem o vento mais dá para ser, está envenenado.
E olha que ele não tem culpa nenhuma hein?!
Mas que mundo é este em que vivo? Que desordem, que irregularidade, que sacanagem!
Realmente, nasci em época errada, ou então, sacanearam comigo.

Pode ser que tenham me confundido também. Talvez eu não seja daqui e erraram a destinação.
Me sinto uma estranha, não estou confortável.
Parece-me que aqui não é meu lugar, não combina com meu jeito.
É, já entendi do porque me acharem estranha.
Fui sacaneada, por isso sou motivo de falatórios e de olhares.
Eles sabem, só eles sabem...
E eu? Continuo pegando a essência da brincadeira, vamos ver até quanto tempo isto irá durar.

rosa desbota

Não estamos em novembro, estamos a dois meses antecipados, mas nesse caso o que conta mais são as metáforas e as pétalas de minha rosa caindo ao ler cada parte deste texto. Sinto-me como uma rosa perdendo seu perfume, talvez exalando-o demais ou escondendo-o demais. Tampouco, deixando ser roubado por um fruto maligno. Meu perfume é minha essência. Estaria eu deixando o vento tomar conta de mim?




Bem-me-quer, mal-me-quer.
Ouço todos os dias as mesmas coisas. Vejo você em outros cantos ouvindo novos cantos, sem sua rosa por perto. Aquela rosa que antes era vermelha, púrpura, vivida e cheia de luz exalando seu perfume, hoje virou uma rosa velha e desbotada, prestes a ser pisoteada pelo próximo ser que passará nesta rua erma, sem direção e escura. Escura cá estou eu. Sinto-me como uma rosa, mas não aquela de ontem... Vamos dizer, sinto-me como uma "preta" escura e sem graça. Perfume roubado, perfume exalado, não te encontro mais.


Quero meu bem-me-quer de volta. Ele sabe como me fazer virar rosa, ele sabe como fazer meu perfume voltar. Ouço seu canto, te vejo de longe e te observo, venha cá... estou no chão, preciso de algo que me faça prevalescer. Mal-me-quer, te quero longe. Você já causou muitos espinhos em mim, prefiro encontrar-te em outros jardins, em outros, que não seja o meu!

Às chuvas de novembro, só lhe falo uma coisa. Não ouse tocar estas águas imundas em mim. Sou uma rosa de essência, talvez excêntrica. Quero meus dias quentes de verão. Só assim poderei encontrar meu jardim, onde só existe no meu mundo, meu bem-me-quer.