sua boca e sua voz
emitem o som da alma
a frequência harmônica de um
rasgado grave e áspero
mas doce
lembrados em versos curtos
que expelem a sensação frenética
da energia dos cosmos e dos astros
o calor energético se funde com o seu semblante
e eu observo atentamente
seus detalhes
mesmo que de longe
minha boca e a minha voz
não emitem o som que eu desejo
mas se incorporam em compasso com
a minha consciência
a sua sensibilidade nas pontas dos dedos
arrepia a nuca
seu idílico perfume adoece a minha alma
respiro na sintonia do seu olhar penetrante
que adentra e que perfura o meu corpo
com um toque delicado
corpo rústico e austero entrelaçado no meu
corpo leve e promíscuo
é o contraponto da arte anguiforme
recarregados em potência energética
do alinhamento dos chakras
o sussurro poderoso do som compassado
entre melodias do desejo assente e lascivo
te encaro em pensamentos e transformo seus olhares em cápsulas afrodisíacas
em que todas as noites inebrio em doses de ylang ylang
o vento traz a brisa e com ela a sensação atrevida da intimidade
da qual me encaro em seu reflexo e me reconecto com os deuses
em cada parte do seu corpo eu vejo traços púrpuros
a sua subjetividade me comove e me desperta
seus poderes de mago estão aguçados dentro da minha condição magnânima
o clímax se consagra em um misto de glórias e impavidez
coberto por um líquido suave de orvalho cristalino como os de estrelas luminosas do céu escuro
vejo suas mãos me soltarem aos poucos ainda permanecendo viva a respiração quente e concentrada
o seu corpo caloroso derrete em chamas a pureza
mais parecendo plumas que esquentam o meu calafrio profundo
fermentando e semeando o polido momento de dissolução
eu permaneço na eternidade
confrontando o tempo e o espaço do universo
eu me mantenho viva nas suas chamas perplexas e complexas
formamos o som uníssono de ambiguidade promíscua e furtiva
e assim a minha mente voa para longe
buscando encontrar a fusão perfeita do meu refúgio secreto
projetado em cosmos como materiais carnais disfarçados em seus pequenos lábios vermelhos que me acamam
que me inflamam
e me trazem o doce aroma do ilusório e do irrealizável.