Olha, lá vem ele!
Charmoso, de terno e bem articulado. Passa a mão na sua cabeça e diz que está tudo bem e que tudo ficará melhor. Sabe como controlar, tem o poder nas mãos.
Alguns dizem que é boa pessoa, outros não chegam nem perto. Queria entender essa correria esporádica na cidade grande, esse falatório todo.
De lá pra cá, vejo-o andando por quarteirões, falando o bem... pregando benefícios, cantando no ouvido de cada um boas maneiras e promessas (muitas vezes) inválidas.
Olha, lá vem ele!
Dizem que tem boas intenções, mas também uma conta gorda. Terno de tecido francês, sapatos importados, passa andando calmamente na frente do injustiçado, que este, continua procurando latinhas para depois poder trocar por uns trocados e se alimentar sem saber o que se passa ao seu redor. Ora! Esta cidade parece ser tão inóspita para este ser.
De longe eu observo a barulheira toda. Vejo o poder de uma pessoa para com as outras através de simples palavras. Nem é necessário procurar vocabulários difíceis, eles não precisam disso. Precisam apenas de esperanças e palavras que denotam felicidade para um povo que sofre tanto e que derrama lágrimas diariamente, seja lá o motivo.
Então ele caminha como se fosse um rei, uma majestade imperial. Transparece-me populismo, mas não conto à ninguém. Permaneço quieto. Várias pessoas andam atrás de sua majestade, como se fossem súditos, como se estivessem implorando pelo poder, implorando pela melhoria, cujo, deveríam impor e terem como obrigatório. Afinal, como dizia Darcy Ribeiro: "Mais do que uma simples etnia, o Brasil é um povo nação, assentado num território próprio para nele viver seu destino." E aí vendo esta cena, eu me pergunto...
Que destino?