Sentei diante à um copo de uísque. Contornei-o com meu dedo indicador, demonstrando excesso de pensamentos em um simples copo de álcool que naquele momento era significante e compreensível para mim. Talvez ele concordasse com meus pensamentos, ou, talvez ele me desse sinais de clareza.
Era meu momento sozinho. Queria achar por um instante que o mundo não teria problemas e que eu os esqueceria enquanto eu apreciava meu uísque quente, dando-me uma excitação inexplicável de sua ardência com aquele gosto amargo que no final soava doce. Queria explicações. Sempre fui meio paranóico, mas, o amor seria um copo de uísque naquele momento, em que me dá uma mistura de sensações. Diminui a luz da lamparina, fechei as cortinas e voltei à minha posição inicial, analisando meu copo quadrado. O que eu estaria fazendo de errado? Onde foi que eu errei? Então dei um gole extasiado daquele uísque e me veio várias lembranças em mente. Era ela linda, sorrindo para mim, me amando como ontem, falando aquelas palavras doces que soavam como música aos meus ouvidos, aqueles cabelos enrolados que me hipnotizavam... Linda e doce, pena que só restaram lembranças.
Acendi um cigarro, dei um trago demorado, eu sentia naquele momento que não havia mais amor correspondido. Eu sentia que de mim ela não estava mais em sintonia. Isso doía. O copo de uísque me entendera. Tinha medo de ser uma pessoa substituível... porém sabia que no final tudo valera a pena. Só queria apenas mais uns minutos com ela, para poder acariciar o seu rosto de pele macia, me excitando com aquele batom vermelho que sempre usara.
Se houve traição? Fico perplexo e prefiro deixar para pensar nisso em outro momento. Deitei sob a mesa e fiquei ali parado, pensativo, só ouvindo o som do cigarro queimando. Queria apenas entender o por quê... Queria apenas continuar minha vida com respostas concretas. Dela, lembrarei sempre... Marcante até na alma. Minha vida se resume ao uísque agora, sentindo o paladar amargo, aqui estou eu.