terça-feira, 4 de setembro de 2012

a majestade e o (seu) povo

Olha, lá vem ele!
Charmoso, de terno e bem articulado. Passa a mão na sua cabeça e diz que está tudo bem e que tudo ficará melhor. Sabe como controlar, tem o poder nas mãos.
Alguns dizem que é boa pessoa, outros não chegam nem perto. Queria entender essa correria esporádica na cidade grande, esse falatório todo. 
De lá pra cá, vejo-o andando por quarteirões, falando o bem... pregando benefícios, cantando no ouvido de cada um boas maneiras e promessas (muitas vezes) inválidas. 

Olha, lá vem ele!
Dizem que tem boas intenções, mas também uma conta gorda. Terno de tecido francês, sapatos importados, passa andando calmamente na frente do injustiçado, que este, continua procurando latinhas para depois poder trocar por uns trocados e se alimentar sem saber o que se passa ao seu redor. Ora! Esta cidade parece ser tão inóspita para este ser. 

De longe eu observo a barulheira toda. Vejo o poder de uma pessoa para com as outras através de simples palavras. Nem é necessário procurar vocabulários difíceis, eles não precisam disso. Precisam apenas de esperanças e palavras que denotam felicidade para um povo que sofre tanto e que derrama lágrimas diariamente, seja lá o motivo.
Então ele caminha como se fosse um rei, uma majestade imperial. Transparece-me populismo, mas não conto à ninguém. Permaneço quieto. Várias pessoas andam atrás de sua majestade, como se fossem súditos, como se estivessem implorando pelo poder, implorando pela melhoria, cujo, deveríam impor e terem como obrigatório. Afinal, como dizia Darcy Ribeiro: "Mais do que uma simples etnia, o Brasil é um povo nação, assentado num território próprio para nele viver seu destino." E aí vendo esta cena, eu me pergunto...

Que destino?



terça-feira, 3 de abril de 2012

amor e uísque

Sentei diante à um copo de uísque. Contornei-o com meu dedo indicador, demonstrando excesso de pensamentos em um simples copo de álcool que naquele momento era significante e compreensível para mim. Talvez ele concordasse com meus pensamentos, ou, talvez ele me desse sinais de clareza.
Era meu momento sozinho. Queria achar por um instante que o mundo não teria problemas e que eu os esqueceria enquanto eu apreciava meu uísque quente, dando-me uma excitação inexplicável de sua ardência com aquele gosto amargo que no final soava doce. Queria explicações. Sempre fui meio paranóico, mas, o amor seria um copo de uísque naquele momento, em que me dá uma mistura de sensações. Diminui a luz da lamparina, fechei as cortinas e voltei à minha posição inicial, analisando meu copo quadrado. O que eu estaria fazendo de errado? Onde foi que eu errei? Então dei um gole extasiado daquele uísque e me veio várias lembranças em mente. Era ela linda, sorrindo para mim, me amando como ontem, falando aquelas palavras doces que soavam como música aos meus ouvidos, aqueles cabelos enrolados que me hipnotizavam... Linda e doce, pena que só restaram lembranças.
Acendi um cigarro, dei um trago demorado, eu sentia naquele momento que não havia mais amor correspondido. Eu sentia que de mim ela não estava mais em sintonia. Isso doía. O copo de uísque me entendera. Tinha medo de ser uma pessoa substituível... porém sabia que no final tudo valera a pena. Só queria apenas mais uns minutos com ela, para poder acariciar o seu rosto de pele macia, me excitando com aquele batom vermelho que sempre usara.
Se houve traição? Fico perplexo e prefiro deixar para pensar nisso em outro momento. Deitei sob a mesa e fiquei ali parado, pensativo, só ouvindo o som do cigarro queimando. Queria apenas entender o por quê... Queria apenas continuar minha vida com respostas concretas. Dela, lembrarei sempre... Marcante até na alma. Minha vida se resume ao uísque agora, sentindo o paladar amargo, aqui estou eu.

meu bem

Escute o que eu tenho para te dizer, meu bem:
Diante das luzes escuras
Refletindo somente teu olhar
Encanto-me por inteira
Derramando sobre mim ternura.
Saudade que aperta
Saudade que corrói
Meu bem, teus braços quentes
Trazem-me paz
Envolvem-me de paixão e desejo.

Deitada em teu ombro
Teus olhos semicerrados
Vejo em ti meu eu.
Meu bem, quem dirá o fim do mundo?
A mim pouco importa
Em teus braços segura cá estou eu
De ti não ficarei mais longe
E de mim longe, não ficarás.

Sente-se ao meu lado
Meu bem, tu me cativas
Tu me encantas
O remédio de tudo o que eu preciso
Só encontro em ti, teus quentes braços
E doces abraços
Somente em ti, meu bem.

quinta-feira, 22 de março de 2012

púrpura

Permaneça em silêncio;
Descanse seus olhos;
Não observe mais às flores do campo...
Podem secar pelo seus apelos de dor.

Permaneça em silêncio.
As flores têm sentimentos.
A rosa mais púrpura;
Púrpura de sentimentos
Púrpura de amor...
Que derrama sob sua pele o perfume
De suas condolências.

Não desame.
Não permaneça em silêncio.
Procure as palavras certas...
Antes de broxar a flor mais bela.

quarta-feira, 7 de março de 2012

monsieur linh

[...] Monsieur Linh lui parle pour la rassurer. Le médecin a des gestes calmes qui n'effraient pas l'enfant. Il asculte ses yeux, ses oreilles, écoute son corps, pose ses mains sur son ventre. Il se retourne, sourit au vieil homme et parle à la jeune fille :
"Le médecin dit qu'elle est en parfaite santé, Oncle, vous n'avez paz de souci à vous faire. Il a dit aussi que c'était un beau bébé !"
Mousieur Linh sourit. Il est heureux et fier. Il rhabille l'enfant. La robe sous ses doigts est douce comme une peau.
Lorsque les deux femmes le raccompagnent au dortoir, il est bien tard. La nuit est tombée depuis longtemps. Plus question de sortir. D'ailleurs, Monsieur Bark doit avoir quitté le banc. Il doit se poser des questions. Il doit être inquiet. Avant de le quitter, la jeune fille luit dit ceci :
"Demain, on va venir vous chercher, Oncle. C'est votre dernière nuit ici. On vous conduira dans un endroit où vous serez mille fois mieux bien plus tranquille et plus à votre aise."
Monsieur Linh est affolé.
"Je suis bien ici, je ne veux pas partir..." [...]


La petite fille de Monsieur Linh, page 112
Philippe Claudel

sábado, 14 de janeiro de 2012

sem título, é incerto

Nessas linhas desse caderno, a emoção invade de uma forma envolvente e inconsequente, que faz de mim uma amante das sextas-feiras caseiras entre as batidas frenétidas do meu coração pobre, que já não sei se aguenta um ou mais dois anos de tanta explosão contida e entre minha agoniante dor no estômago, que já mandei, com todo respeito, mas com meu português claro, para a casa do caralho. Não dizem que o poeta precisa da dor? Estou com dor, porra. Agora só falta meu lado poetista... Talvez eu o encontre ao decorrer do texto, que por sinal, nem sei do que vai falar. Aqui vou eu outra vez, só que menos paciente! Juro que se isso me irritar, decido parar com uns tempos com essa minha mania de "escrevedora": escritora + amadora, que seja.
De fato, não vai ser um português bem escrito, com palavras difíceis e que causam aquele impacto de primeira, pseudo-cults me irritam. Uso-as quando me der vontade, e de verdade, essa vontade passa bem longe de mim. Gosto de um tom unique e sagaz.
Parecia ontem que eu estava pensando na minha vida, mas eu não tinha a ideia do poder das incertezas, e digo mais: elas me causam medo. Tenho mais medo da incerteza do que as próprias certezas, do tipo, a morte. Se parássem para pensar veriam que as incertezas realmente te pegam de um jeito sucinto e inesperado, quando você abrir os olhos... já era. E isso acontece comigo na maior parte do tempo, vivo sempre de olhos fechados para a vida - tudo bem que eu gosto e muito de dormir, mas não nesse sentido - e sim, de não querer olhar a realidade. De um tempo para cá, eu me achava aquela adolescente forte como uma pedra, que encara todos os desafios à cara tapa, porém, as coisas não andam bem por esse lado. Se eu tivesse escolha, é óbvio que não iria querer sair debaixo da sainha da mamãe. A vida segue, você segue, e eu segui - não segui muito longe, mas estou sendo encaminhada - e aí bate aquele medo em você, aquele choque de realidade como: sou adulta! E diante desses medos e incertezas (e dessas formigas que insistem em invadir meu teclado) sua vida passa, e passa bem rápido. Eu digo que a vida é um sopro, quando você assopra, pronto, o vento já levou e você nem viu o que aconteceu. O quê é que eu vou fazer? O quê eu vou ser? Por quê tem de ser assim? Perguntas que não há respostas, nem os mais fodas filósofos souberam responder essa. Claro, cada um tem sua ideia contida na cabeça, mas a resposta concreta não há. Uns pensam pela razão e outros pelo coração. Já eu, nem isso tenho em mente.
Na verdade, o meu maior medo é não concretizar meus objetivos, meus planos. Nós fazemos planos desde que nascemos para nossas vidas, mas, as incertezas chegam para estragar tudo. Porra, não posso nem viver em um conto de fadas faz-de-conta, de vez em quando? É legal se iludir as vezes, na medida certa. Queria um sinal do além, de marte, de júpiter, da puta que o pariu, mas um sinal. Através desse sinal eu vou saber se eu continuo com meus rabiscos nas folhas do meu caderno fazendo meus planos, ou então, rasgo-as e jogo-as na lata do lixo, simples assim. A vida não é dura como dizem? Pois então, rasgo-as e pronto, serei dura também. Pensando bem, talvez o certo seria mudar meu destino para Filosofia e passar minha vida toda fumando um baseado e tendo sinais à todo momento - ou pelo menos acharia que seriam sinais - Enfim, o que eu quero agora, nesse momento, é aprender a lidar com toda essa realidade, porque eu estou vendo que tudo isso está me sugando cada vez mais, não restará nem se quer um pózinho meu desse jeito. Só queria pegar uma bola de cristal que preste, não essas fajutas, e que me mostrasse o caminho certo. Mas, como não existe isso, continuarei tomando certas decisões, tentando descobrir o por quê de aprendermos álgebra e geometria, tentando descobrir, realmente, o sentido, o sabor da vida, que de vez em quando é amargo demais, e que sinceramente, não quero provar essa merda de novo, preciso de algo mais agradável, algo que seja perfeito para meu paladar... Mas, quem dirá isso? Quem ditará isso? Quem tem certeza disso? Será...? É, deixa. Continuarei seguindo meus passos, que de vez em sempre, são foras da lei (e não, não o cowboy). Veremos o que o destino me reservará... veremos. Enquanto isso ficarei na espera, tentando me despistar das malditas incertezas.